sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Essência


A verdadeira essência das coisas, só o coração pode ver…
Quando a alma transborda e a vida adormece
Não vive…flutua!
Flutua num mar de estanho onde nada mexe, onde nada respira.
Quando a alma retorna à sua origem primeira, o coração pára de bater.
Somente a alma sobrevive no nesse plano, pois nele teve origem.
Suspiro!

Encontro-me em estado de dormência, sinto que saio do corpo físico e levito em movimentos ébrios...
Em danças sem nexo, que me levam para longe, para outra dimensão, outro espaço, aquele que me viu nascer…

Ouço vozes conhecidas nesse espaço, que o zumbido do vento absorve num sopro intrépido...
Nesse transe, vejo a minha alma com clareza, ela está lá, clara e única, virgem e imaculada!
Suspiro!

Aí encontro de novo a inspiração...
Traio a voz do coração e encontro a essência. A essência de tudo!
Chega devagarinho a sensação de plenitude!
Encontro-me e vejo onde meus versos perderam a alegria,
as ruas onde caminham sisudos pela poesia...
Não consigo falar…meus lábios não dizem o que sinto,
contradizem, minhas palavras, meu olhar...
Tento enaltecer o amor, mas não consigo, porque de tão raro, se codificou...
Tento decifrar o belo.
Quero descreve-lo, mas perdeu a luz e desvaneceu-se em ondas suaves...
Perdi-me no compasso, tropecei nas rimas, e não consigo criar.
Fugi do meu estilo, na busca do que me anima, mas a cada passo, um descompasso estraga a sequência e o poema segue falso, sem auto-estima.
De novo suspiro!

Para que procuro inspiração se me falta a emoção?
Para que procuro a poesia se já não há fantasia?
Não sei se me perdi, ou se a vida me perdeu…

Suspiro!

E volto repentinamente dessa viagem insólita e acoplo no meu corpo denso e efémero.
Ouvi o grito, o grito sentido da vida e junto de novo, coração e alma, dor e alegria, angústia e serenidade…

Sou tudo isso …

Suspiro…

e volto a ser uma alma errante, pois somente nesta divagação,
fui livre por mais um instante...